domingo, 18 de abril de 2010

NÓS, AS MULHERES. ELES, OS HOMENS.

CAPÍTULO IV

- Então me conte minha amiga, o que está acontecendo com você e Paulo?
- Fico muito triste quando tenho que falar sobre isso Cristine.
- O que foi Ana? Você de repente ficou pálida. O que houve? Vocês brigaram? Já sei terminaram. Não, ele te deu o fora? Foi isso Ana?
- Não, Cristine, não, não foi, não é nada disso...
- O que foi então? Tive uma idéia: Vamos dar uma volta e colher algumas margaridas do campo como fazíamos antigamente? Lembra?
- Claro que lembro. Você como sempre exagerada colheu todas as que via pelo caminho e depois a noite não conseguia dormir.
- Sim. Não tinha idéia de como era alérgica a flores. Hoje em dia já não tenho mais esse problema, por isso mãos a obra e vamos ver quem colhe mais.
- Você trouxe um antialérgico?
- Ah, para com isso Ana, você está é querendo mudar de assunto. Vamos logo antes que anoiteça e, além disso, você tem muita estória pra contar.
Ana tinha uma casa de campo. Era no estilo de uma cabana, com três andares e mais um sótão. A sala era muito aconchegante, principalmente nesta época do ano em que a tendência era fugir do frio. Toda decorada em estilo rústico, sofás, tapetes, quadros, almofadas e a lareira que não poderia faltar dando um ar romântico e acolhedor. Os quartos eram lindos e confortáveis, com camas grandes, banheiros e closets integrados, tapetes e cortinas decorados com cores suaves.
O quintal nos fundos da casa possuía uma enorme área de lazer e passeios. No jardim havia várias espécies de flores ornamentais e árvores frutíferas, dando um aroma doce e cítrico ao mesmo tempo. E o colorido das hortênsias, roxas e rosas, flores típicas da serra gaúcha, enfim um lugar para o descanso da família nos finais de semana.
- Então Ana, agora que já estamos mais afastadas da casa, me conte o que está havendo...
- Bem Cristine eu estou passando por um momento... não sei se a palavra certa seria difícil, um momento novo, estranho, diferente na minha vida.
- Como assim? Explique-se melhor Ana. Vai pensando e vai falando, sem analisar, talvez assim você consiga se expressar melhor.
- Está bem. Hoje acordei com uma sensação estranha. Meus sentimentos pareciam que estavam dentro de um copo de liquidificador, misturados, sem nexo. Não sei se vou conseguir passar em palavras tudo que estou sentindo, mas de uma coisa tenho certeza.
- Sim. Fale!
- Não sinto mais nada por Paulo...
- Como assim, não sente mais nada?
- Isso mesmo que você ouviu. Não sinto mais nada por ele. Amor, carinho, respeito, tesão...
- Mas assim de uma hora para outra? Por quê? O que aconteceu? Ele te traiu?
- Calma Cristina, calma. Não é nada disso. Eu não quero mais, entende. Eu não sinto mais nada por ele. Eu estou querendo a separação. De corpos, de mentes, de sentimentos. Eu estou querendo a minha liberdade de espírito, de alçar novos vôos, outras chegadas, outras partidas. De ir mais adiante, de quebrar a cara sozinha, de ver novos horizontes, de poder enxergar o outro como ele é e não como eu quero que seja, de ir ao meu encontro, ao encontro do meu eu, da minha essência feminina e masculina, do poder de amar e ser amada, de retirar o véu da obscuridade e aceitar a verdade nua e crua, sem temer, sem atropelos. Sim, porque não? Caminhar por esses caminhos, sem destino e quem sabe eu encontre aquilo que há tanto tempo anda perdido, que eu ando procurando em cada rosto, em cada sorriso, em cada beijo, em cada abraço, em cada olhar: EU. O meu EU interior.Aquele ser que clama, que reclama, que pede, que implora que lhe toque, que o sinta com seus defeitos e suas qualidades, suas mentiras e suas verdades, com suas forças e com suas fraquezas, com suas idéias reais ou imaginárias. Desta vez é comigo, Cristina. Só comigo mais ninguém...
Eu ouvia e olhava Ana como se não a conhecesse, como se nunca a tivesse visto. Ana sempre fora uma mulher discreta, calada, absorta em seus pensamentos e atitudes. Não era muito de se abrir, de contar seus desejos e ambições, suas tristezas e alegrias, enfim ela era muito restrita nos seus comentários. Quando nos encontrávamos sempre era eu que tinha alguma estória para contar. Mas naquele dia Ana não estava me dando ouvidos, estava feliz, diferente e saiu correndo sem direção na minha frente:
- Cris, veja se consegue me alcançar?
- Claro que não vou conseguir, estou fora de forma.
E foi se distanciando cada vez mais. Então de repente tropecei e caí. Senti uma dor horrível e ao olhar para meu joelho via que sangrava muito. Enquanto tentava me recompor da queda surgiu na minha frente um belo rapaz, alto, cabelos pretos volumosos, lisos, olhos azuis, profundos que me falavam tantas coisas, boca com lábios carnudos e um sorriso encantador.
- Olá, posso ajudá-la?
Entre um ataque de risadas de mim mesma, tentava ser discreta ao observar atentamente o lindo homem que estava na minha frente:
- Oh, muito obrigada. Eu sou uma desastrada mesmo. Ai, está doendo muito, ai...
- Calma, não force sua perna. Venha eu lhe carrego no colo até aquele banco.
- Não, não precisa. Eu consigo caminhar até ali. Olha muito obrigada, mas não quero ocupar seu tempo comigo.
- Mas que bobagem. Estou adorando preencher meu tempo com alguém tão linda como você!
- Ai, ai, ai, Ta bom eu aceito a sua ajuda, mas só até eu me recompor.
Enquanto aquele belo homem me carregava, tinha a nítida sensação que já o conhecia.
- Pronto. Está melhor agora?
- Sim, claro. Mas que falta de educação a minha. Você me socorreu e eu nem me apresentei.
- Bom então eu também sou um mal-educado (risos)
- Muito prazer. Meu nome é Cristine e o seu?
Naquele exato momento algo estranho começou a acontecer comigo, algo que eu mesma não conseguia explicar. Parecia que eu já o conhecia. Mas resolvi apagar da minha mente aquelas imagens estranhas.
- Olha, eu já posso andar. Muito obrigada mais uma vez, mas eu vou andando devagarinho... Ai, ai, meu deus, dói muito...
- Talvez seja mais grave do que você imagina. De repente pode até ter fraturado sua perna.
- Está bem. Eu vou deixar minha teimosia de lado e vou aceitar a sua carona.
Chegaram até a casa de Ana. Ela e D. Regina já estava na porta ansiosas à procura de Cristina.
Pedro desceu do carro com Cristina no colo.
- Mas o que foi isso, minha filha? O que houve? Onde você andava? Estávamos preocupadas!
- Está tudo bem D. Regina. O problema é que estou fora de forma, tentei correr atrás de Ana, mas deu no que deu. Olha quero apresentar a vocês o Pedro. Ele foi muito gentil desde a minha horrorosa queda.
- Bem agora que você está em casa sã e salva vou indo. Tenho que voltar. Meu pessoal estão esperando lá em casa. Sou o novo vizinho de vocês.
- Que bom Pedro. Então para darmos as boas vindas fique para tomar um chá conosco. Cristina, minha filha, preparei aquele bolo e as broinhas que você tanto gosta. Volto num instante. Fique aí quietinha fazendo sala para o moço. Não deixa ele sair sem provar.
- Olha, eu não quero ser mal educado, mas terei que ir. Agradeça a D. Regina pelo chá.
- Por quê tanta pressa Pedro? Fica mais um pouquinho. Fica?
- Está bem. Eu não resisto a um pedido tão meigo assim.
- Muito obrigada.
Ana ficou preocupada com o estado de Cristina.
- Cris, minha amiga, o que houve? Me desculpa, eu não deveria ter corrido daquele jeito, como se estivéssemos em uma maratona.
- Já estou bem Ana, não se preocupe, eu que deveria ter diminuído o passo já que estou fora de forma. Pedro quero que você conheça Ana, filha de D. Regina e minha amiga-irmã.
- Oi. Ana.
- Olá, muito prazer.
- O prazer é meu.
- Ela é um pouco teimosa, mas aceitou a minha ajuda.
- Ah, isso ela sempre foi, muito teimosa.
- Está bem, vamos falar de outro assunto.
- Olha o chazinho e os biscoitos que prometi. Sirva-se Pedro. Sinta-se em casa.
- Obrigada D. Regina. Realmente a senhora tem toda a razão, seus biscoitos são muito gostosos, mas terei que ir. Tenho muito trabalho.
- Eu te acompanho até a porta.
- Não, Cristina. Você precisa ficar em repouso e consultar um médico. Por favor Ana, veja se consegue levá-la para tirar uma radiografia. Pode ser que ela tenha fraturado.
- Está bem Pedro. Não se preocupe. Ela vai nem que seja amarrada.
- Tchau Cris. Fica bem. Ligo durante a semana, está bem?
- Tchau Pedro. Obrigada por tudo. Você foi muito gentil e atencioso.
- Até logo D. Regina. Até logo Ana.
- Até logo meu filho.
- Então Cris, o que houve? Senti que você não estava prestando atenção enquanto eu falava.

Continua no próximo Domingo...

OLHA SÓ>>>
Estou lançando a partir de hoje o perfil dos "meus" homens. A cada domingo revelarei um pouco da personalidade desse homem, sem revelar, é claro, o nome...
Fica ligado, esse pode ser o "seu"!

"Ainda ontem sentia-me presa, amargurada, p... da vida pelo o que nós mulheres lutamos tanto: alcançar nossos tão esperados "direitos" iguais. Só que isto tudo teve um preço muito alto, a solidão, o desespero, a "entrega" gratuita, a perda da feminilidade e talvez a perda da nossa vaidade. A maioria atualmente busca incessantemente por seu par perfeito, sua cara metade ou sua alma gêmea. Quanta ENERGIA DESPERDIÇADA, QUANTAS NOITES MAL DORMIDAS, QUANTAS FERIDAS MAL CICATRIZADAS, QUANTOS CORAÇÕES DESPEDAÇADOS.
E aí prá complicar apareceu essa tal da "amizade colorida", o "ficar", o relacionamento aberto, o "dar" sem "receber", colocando por água abaixo todos os conceitos aprendidos.: Não se entregar ao primeiro que gostar, ser virgem até casar, não "sair" com todos que conhecer.
Mas a idade foi avançando e junto com ela fui amadurecendo minhas idéias, meus ideais, meus encontros, meu modo de pensar em relação o que é amar. Então conheci um cara que veio ao "encontro de" tudo que sempre quis, mas não tinha coragem de colocar em prática; Ele me ensinou que a gente pode ser feliz, pode ser amada sem necessariamente conviver com essa pessoa.
Isso me fez muito bem. Mas não pensem que resolvi, assim, num estalar de dedos. Não! Levei muito tempo prá descobrir que o importante mesmo é ser lembrada, é estar no pensamento, no coração de alguém quando este a alguém está a fim. Que a gente pode viver esse tal de relacionamento aberto sem culpa, sem medo.
Hoje "ele" me convida, me quer. Amanhã , talvez, esteja com a Carlinha, com a Paulinha, mas não importa. O que me importa, o que me faz feliz realmente é que HOJE ele está comigo e que sempre serei uma estrela na sua imensa constelação.
Beijos! Te adoro!

Um comentário:

  1. Oi Val!! Parabéns pela iniciativa!! Segue em frente!! Muuito legal!!
    Grande abraço,

    Simone S. Lopes
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